JapaMala


Fonte: http://eyoga.uol.com.br/

No mundo moderno, a maioria reclama que não tem tempo para nada e que é muito difícil esvaziar a mente e meditar. Na verdade, existem várias formas de se concentrar, uma delas é usar um cordão específico de meditação chamado japamala. Japa quer dizer repetição e mala, cordão. O yogi Pedro Kupfer explica em seu livro Yoga Prático que, para auxiliar a manter o ritmo durante a prática, e também para contar o número de repetições, utiliza-se esse colar que geralmente, tem 11, 24, 27, 54 ou 108 contas. Há ainda uma conta extra, chamada meru, que representa o eixo do mundo, símbolo igualmente da sushumna nadi, ou o próprio mestre.

Em termos de diâmetro solar, a distância entre o Sol e a Terra é de 108 vezes o diâmetro do Sol. A distância média entre a Lua e a Terra é de 108 vezes o diâmetro lunar. Simbolicamente, fazer uma volta de japamala equivale a fazer uma jornada pra o céu. Como parte da correspondência entre o que está embaixo e o que está acima, 108 é também a metade do número de grupos de hinos do Rig Veda . Simbolicamente falando, 108 é o número que representa a região média (antariksha) entre o céu e a terra. Desta forma, as 108 contas do mala representariam um número equivalente de degraus que nos levam à realidade transcendental.

Materiais naturais como o sândalo, rudráksha, (tipo de semente), cristais, pedras, são os mais comuns na confecção do japamala. O ideal é que cada um tenha o seu. “O cordão é individual, pois você impregna nele sua energia da oração, da concentração, da meditação. Você pode fazê-lo ou comprar pronto em lojas indianas”, explica a professora Jussara Rodrigues, do Kedhara Yoga, de São Paulo.

Segundo ela, a repetição de mantras usando as contas tem o princípio de elevar a mente e concentrá-la num campo de energia maior. Por exemplo, o Om é considerado o som primordial, do silêncio, potencializa a energia da vida, é o melhor mantra para iniciantes.
O texto Kularnava Tantra adverte: “um mantra que tenha sido infundido com vitalidade será definitivamente proveitoso. Sem dar vida ao mantra, sua repetição em forma de combinação de alfabetos nunca dará nenhum poder psíquico, mesmo que o japa se faça milhões de vezes ou indefinidamente. Isto abre o nó do coração, fortalece os órgãos internos, provoca lágrimas de felicidade e emociona profundamente o praticante”.
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A professora Jussara Rodrigues explica que a meditaçãocom mantras traz vários benefícios: “O som tem uma capacidade imensa de condicionar a consciência, move a mente e o coração e por isso é um instrumento terapêutico para curar a mente, influenciando-a e reprogramando-a, permite mudar o tipo de vibração da consciência”.

No texto Mantra-Yoga-Samhitâ, compêndio do século 17 ou 18, dividido em dezesseis partes para explicar o Mantra-Yoga, a 14ª é sobre o japa, a repetição, que pode ser de três tipos: mental (mânasa), silenciosa (upâmshu) ou em voz alta (vâcika). Para começar é mais fácil fazer o Japa em voz alta e com ritmo: assim ajuda a concentrar a mente. Por isso, quase sempre, começamos as práticas fazendo o mantra Om e após alguns minutos de vocalização, o pensamento fica mais focalizado e internalizado.

Georg Feuerstein, no livro A tradição do Yoga, ressalta que “nesta nossa época, em que os mantras são divulgados e vendidos a granel, talvez convenha lembrar que eles se originaram num contexto sagrado. No decorrer das eras, O Mantra-Yoga sempre foi apresentado como o mais fácil das vias de Realização. No entanto, é e vidente que este Yoga é, em última análise, tão difícil quanto qualquer outro. A repetição mecânica de um mantra, especialmente por parte de um não-iniciado, não conduzirá jamais à iluminação ou à felicidade. Paradoxalmente, é preciso uma atenção intensa para transcender o jogo das atenções e realizar o supremo Ser-Consciência-Bem-Aventurança. O Mantra-Yoga exige o mesmo auto-sacrifício que todas as outras formas de Yoga".

Para ter um japamala personalizado, você pode optar em fazer o seu próprio colar. A professora Jussara Rodrigues ensina: “Vá em uma loja de sementes e escolha as que te atrairem pela cor, formato, e que tenham furo. Não esqueça de escolher uma maior para fazer o meru. Escolha um fio de linha de algodão para passar as 108 contas e em cada uma que colocar no fio repita mentalmente o mantra Om trazendo paz para dentro e ao redor de você em cada gesto. Feche o cordão com a conta maior formando a 109. Ao final sente-se confortavelmente, segure o Japa com o dedo do meio e polegar e passe cada semente, uma a uma, recitando o mantra Om de forma sonora em todo o Japamala, de forma contínua e tranqüila, de olhos fechados,concentrado. Dedique este Japamala a uma divindade ou a um mantra (Shiva ou Ganesha por exemplo) para que toda vez que fazê-lo reforce a energia representada por esse Deus ou energia, e a reforce dentro de você. Após muitas milhares de repetições o japamala ficará impregnado dessa energia e só o fato de pegá-lo trará essta força para você”.

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